O Bruxo Mor estava preocupado, a
noite de Halloween só começava à meia-noite, era preciso adiantar. Os druidas
andavam a conspirar contra os bruxos. Parece que se queriam coligar com druidas
dissidentes há muito, mas que agora se tinham unido para lhes dar cabo do
arranjinho. Meia-noite também são zero, vinte e quatro ou doze. Porque não
começar-se ao meio-dia? Também são doze e fica tudo certo. Assim convocou os
outros bruxos para se reunirem na clareira do costume. Tinham de se adiantar
aos druidas. Ali já não estava a bruxa loira. Essa tinha “inconseguido” manter
o lugar e fora substituída por um druida. Raios e coriscos, ainda por cima um
druida que não devia nada à formosura.
Ao meio-dia estavam lá todos. Um
arauto da clareira anunciou que o Bruxo Mor ia dar posse à bruxaria eleita.
Chamou o Bruxo Chefe e este pegou no seu gato preto e meteu-o no caldeirão
convidando de seguida os outros bruxos da pandilha bruxófila a segui-lo no gesto
e nos modos. E foram muitos. Pelo menos dezasseis seguiram-no na mesma
lengalenga. Eram quase todos bruxos da velha guarda, apenas quatro eram novos e
dois ou três promovidos a bruxos principais uma vez que já eram ajudantes de
bruxaria. No fim, o Bruxo Mor falou para que a confraria bruxófila continuasse
com o programa anterior. De seguida, o bruxo chefe confirmou fazendo a apologia
das bruxarias que tinham feito anteriormente, mas que agora já poderia embruxar
menos a humanidade. Pois sim, pensava ele, se continuasse no poder logo veriam.
Como os nomes dos bruxos são difíceis de pronunciar, vou referi-los pelas
iniciais. Foi o VPM, o MEF, o MENE, o MDN, o MPDR, o MAI, o MJ, o MAOTE, o MAM,
o MSESS, o ME, o MS, o MEC, o MMA, o MCIC e o MAP. Cada bruxo destes levou
depois alguns ajudantes de bruxaria. Enfim, foram mais trinta e seis. Mas a
Assembleia estava triste. Os druidas tinham prometido o derrube a curto prazo e
tomariam o poder. O caldeirão, já cheio de gatos iria mudar de mãos. Mas ainda
havia uma esperança. Parece que no meio dos druidas havia alguns dissidentes.
Podia ser que por magia negra esses conseguissem apoiá-los. Teriam nove ou dez
dias para os embruxarem. Enquanto há vida há esperança e com uns bruxedos
fortes ainda talvez…
Alguns espiões a favor dos
druidas tentavam não perder pitada. Era preciso que o druida chefe estivesse ao
par de tudo. Havia agora uma oportunidade de mudar as leis. Os bruxos tinham
exorbitado e tornaram a vida impossível aos humanos. Tinham de deitar mãos à
obra e começarem já a trabalhar na poção mágica. O druida chefe tinha pouco
tempo para convencer os seus de que não poderiam falhar.
A bruxaria foi abandonando a
clareira. Uns quantos humanos escondidos, que a tudo tinham assistido, daqueles
que tudo sabem e tudo apregoam, apressaram-se a levar as notícias à aldeia. Os
humanos tinham agora alguns dias de ansiedade.
Já era tempo de mandar a bruxaria
às couves e apoiar os druidas. Esperariam…
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