sábado, 23 de março de 2019

Moçambique



Podem-me continuar a chamar um grande “chato” e acusarem-me de bater na mesma tecla, mas mais uma vez chamo a atenção para quem tem fé em deuses protectores, aqueles que todos os dias pedem ao divino que lhes “dê” as condições necessárias a uma vida melhor, para se interrogarem e perguntarem a si próprios, por que deus os protege e se esquece dos povos mais desfavorecidos. Todos os dias vemos as desgraças que acontecem pelo nosso mundo e, muitas delas, até são culpa dos elementos da natureza e não nossa. As que a humanidade perpetra, até é desculpável que deus se esteja nas tintas. Certamente pensará: “Já que as fizeste, agora aguenta-te no balanço e sofre as consequências”. Mas estas naturais? Eu pergunto: Porquê? Bem poderia dar uma mãozinha e afastar as calamidades para os grandes centros, os grandes hotéis, a casa branca, as assembleias das repúblicas. Aí sim, podia mandar para o bé-lé-léu uma cambada de filhos de prostitutas que só lixam isto tudo. Agora matar e deixar em situações miseráveis milhares de humanos que vão morrer de fome, de cólera, de frio, de sede?
Claro que mais uma vez o vosso deus se demitiu das suas funções humanitárias, simplesmente porque não existe. Compete-nos, pois, a nós, os mais favorecidos, ajudar o nosso semelhante, mas estas notícias, chegam-nos ao jantar via TV, enquanto mordemos a perna de frango, a costeleta de porco, o pudim molotov, o café, etc… dizemos: “Que grande desgraça, Maria! Lembra-me amanhã de fazer um donativo para a Cruz Vermelha”. No dia seguinte lá enviamos vinte euritos para a conta aberta para o efeito e, continuamos a nossa vida. Os crentes, esses, vão até à igreja e rezam por si e pelos seus, esquecendo-se da desgraça que já ficou para trás.

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