Ontem fui ao teatro. Tenho andado
um pouco afastado da arte de Molière e Gil Vicente. Presentemente dá-me mais
jeito ir ao cinema. Deve ser uma incongruência, mas parece-me mais simples.
Além do mais o cinema enquadra-nos mais rapidamente na história. No teatro leva
mais tempo a metermo-nos no problema e isso depende muito dos actores. No caso
presente foi difícil. Mas vamos à peça em si.
Hazel e Robin (Maria José Pascoal
e João Lagarto) são engenheiros reformados de uma central nuclear cujo reactor
rebentou devido a uma onda (alusão talvez ao Japão, mas no texto nada o refere)
que recebem a visita de uma colega que não viam há 38 anos. Hazel apresenta uma
histeria completa e fala pelos cotovelos com uma rápida dicção, muitas vezes
quase incompreensível. Com o decorrer ficamos a saber que a visita, Rose
(Custódia Galego), foi amante de Robin antes e mesmo depois do casamento com
Hazel. O Casal tem 4 filhos com quem falam telefonicamente durante a peça, mas
não pesam muito na história. Rose apresenta-se como tendo sido chamada para
voltar ao serviço à central nuclear com o motivo de libertarem os novos
trabalhadores, uma vez que eles ainda terão muitos anos a viver e os “velhos”,
mesmo que sejam contaminados, já terão vivido a sua vida e tenta aliciar o
casal para fazerem o mesmo. Rose mostra que a contaminação sofrida lhe fez
perder os dois peitos e Robin tem acessos de tosse ensanguentados. O conflito
surge dado que o casal tem filhos e Rose não. Por sua vez Hazel “sente” que
Rose volta para lhe roubar o marido. A histeria que apresenta é enorme e
nota-se que a separação entre o casal também é grande.
É, portanto, uma peça que nos faz
pensar que os novos têm melhores razões para viver e os “velhos” Já pouco têm a
esperar da vida e devem, portanto, tentar salvar a descendência.
Não fora o papel demasiado
histriónico de Maria José Pascoal, com uma verbalidade exageradamente rápida,
que a torna quase incompreensível, estaríamos perante uma boa peça. Não gostei
totalmente. Realço um bom papel de Custódia Galego, com uma verbalidade aceitável
assim como a de João Lagarto. Acaba por ser um texto sobre a degradação e ao
mesmo tempo sobre os amores passados. Os filhos não são propriamente os deles,
mas sim as novas gerações.
O Teatro Aberto tem um
restaurante chamado “Pano de Boca” onde jantámos a seguir. Bom ambiente e uns
pratos razoáveis. Foi uma noite bem passada. Chegámos a casa antes da meia
noite.
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