Muito se fala do nascimento de
Jesus, da gruta, do burrico e da vaca, dos “reis” ditos magos (?), da estrela
anunciadora, etc.
Ninguém fala do massacre dos
inocentes. Segundo os evangelhos, o Herodes (o Grande), chateado por lhe terem
ido dizer que nascera o rei dos judeus, quando o rei era ele, portanto, se
nascera outro só poderia ser um usurpador e, como tal, teria de ser suprimido.
Assim mandou assassinar todos os bebés nascidos nos últimos dias. Falava-se em
cerca de trezentos mas depois devem ter caído em si pois naturalmente nem
trezentas mulheres em idade de conceber haveria na Galileia. Agora já se diz
que foram cerca de dezassete e até já li que teriam sido catorze. Fossem 300 ou
14, aquilo não se faz pois foi uma grande maldade. Penso que Deus (pai) devido
à sua condição de omnipotente e omnisciente, nunca o permitiria. Então para
salvar um (o seu divino filho) matavam-se outros? Claro que no tempo em que se
escreveram os evangelhos (cerca de setenta ou noventa anos DC) matar era ainda
mais comum do que hoje e praticava-se a torto e a direito para preservar
interesses. Esqueceram-se de que, mais tarde, os exegetas estudariam todos
esses assuntos e que poriam em causa muito do que se escreveu. Houve exegetas
tendenciosos, que tudo endeusaram, mas também houve muitos que chegaram à
conclusão da não veracidade evangélica.
…
Naquele tempo (governava o
tetrarca Herodes Antipas, filho de Herodes o Grande), andava por ali um orador,
um tal João a quem mais tarde chamaram o Baptista. Era um profeta
revolucionário que falava ao povo pondo em causa a governação do território.
Segundo Flávio Josefo, historiador judeu da época, Herodes foi alertado para os
discursos subversivos do João e, para evitar males maiores, mandou prendê-lo,
tendo o pobre sido encerrado na fortaleza de Maqueronte na província de Pereia
onde mais tarde foi executado, não referindo que ficou com ou sem cabeça.
Segundo o evangelho de Marcos, o
tetrarca (governador de uma quarta parte de determinado território) Herodes deu
uma festa de aniversário na Galileia, provavelmente na capital Tiberíades, onde
a sua mulher Herodíade, (ex-mulher do seu meio-irmão também chamado Herodes) em
conluio com a sua filha Salomé, depois de esta ter executado uma célebre dança
dos sete véus, pediu a seu pai a cabeça de João Baptista numa bandeja. O papá
mandou decapitar o pobre João e lá vem a cabeça na bandeja para gáudio das
mulheres e dos convivas. Ora ou Mateus ou Flávio Josefo estão a mentir. Não
acredito que a ser verdade o que Josefo escreve, e esse era historiador, tenham
ido a cerca de 180 Km buscar a cabeça e trazê-la a tempo de ser apresentada
ainda na festa onde os convivas, chateados, já se teriam pirado ou se
encontravam a dormir curando-se das bebedeiras que certamente apanharam. A Herodíade
não gostava de João por ele considerar ilegal o seu casamento e a Salomé que se
apaixonou pelo dito parece que foi repudiada pelo rapaz. Houve, portanto um
conluio antecipado entre mãe e filha para tratarem da saúde ao pobre João.
Marcos refere que João estava
preso por andar a recriminar o rei Herodes pelo seu casamento com a mulher do
irmão, o que seria contra as normas judaicas em vigor, o que não é referido por
Josefo. Aqui há também uma incongruência, uma vez que Marcos chama rei a
Herodes Antipas quando ele era apenas tetrarca. Pois é! Mais uma vez parece
provar-se que os ditos evangelhos não passam de mitos baseados em lendas. Até
aquilo que aparece nos escritos de Flávio Josefo sobre Jesus Cristo (cerca de
três ou quatro parágrafos) não resistiu a estudos e provas grafo-técnicas
tendo-se provado a adulteração dos textos. Daqui se infere que Jesus continua a
não ter veracidade histórica e que a igreja se tem esforçado a criar eventos e
até adulterações para construir a historicidade de Jesus. Mas há mais…
Conta-se que um rei, casado com
uma bonita mulher, para suscitar a inveja dos seus nobres, organiza um banquete
e faz vir a rainha à sua presença para a mostrar, de modo a que todos a admirassem.
Durante esse banquete o rei pergunta à rainha: “Faz um pedido bela Ester que
ele te será concedido, mesmo que desejes metade do meu reino”. Tudo se passa
como na versão de Marcos, só que a rainha, em vez de pedir cabeças degoladas,
pediu a libertação do povo judeu.
Mais uma vez se verificam cópias
quase integrais de factos de uma religião para as outras. É por estas e outras
que não tenho nenhuma e dou-me muito bem com isso.
Tentei também saber qual o sobrenome
do dito João, mas não cheguei lá. Baptista foi o apelido que lhe foi atribuído
pelo hábito que tinha em mergulhar as gentes no rio. O pai era
Zacarias e a mãe Isabel, mas não encontrei nome de família. Baptismo deriva do
grego e mais tarde também adoptado pelos romanos, mas tinha vários
significados, entre eles lavar, mergulhar, purificar, etc. O hábito tornou-se
comum como cerimónia iniciática de várias religiões (purificação) e depois
adoptado também pelos cristãos devido ao episódio do Baptismo de Jesus narrado
em três dos evangelhos (Mateus, Lucas e Marcos).
Enfim, incongruências.
Pois é... As incongruências são pequenos detalhes que se anulam com fé cega e irracional... As pessoas sentem-se muito melhor acreditando naquilo que lhes convém e não lhes cria dúvidas nem nervoso nas suas consciências adormecidas... ou melhor, entorpecidas...
ResponderEliminarOs escritos, evangelhos, livros ou outra qualquer outra forma de transmissão de "verdades" e conceitos religiosos, são aquilo que se quer fazer acreditar e pouco mais... embora, naturalmente, contenham factos verídicos que ajudam na construção de uma narrativa que possa parecer credível... Mas a similitude de pormenores plasmados nos textos de várias religiões, diferenciados no tempo e até na linha filosófica de diferentes religiões, faz-nos acreditar na hipótese de que a verdade místico-religiosa é sempre "apimentada" com muita mentira e fantasia para que os crentes se possam sentir mais confortáveis na inconsciente aceitação do essencial, ou seja, a imperativa necessidade de se acreditar em algo... E se se acreditar sem pensar nem pôr em causa, melhor para os arautos das religiões. A fé no fundo, funciona como o entorpecente da racionalidade e da dúvida... Acredita-se porque sim!...
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ResponderEliminarComo o comentário é excelente resolveste colocá-lo em duplicado. És um vaidoso. Se deres licença vou eliminar um. Tudo aquilo que dizes, e muito bem dito, é a verdade, só que nem todos querem ver. O que se crê desde pequenino é difícil de se largar
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