segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Concerto para violino e orquestra de Tchaikovsky


(Publicado no Boletim da APE nº 223/11)

Esta é uma das mais sublimes melodias saídas do cérebro de um génio. Pyotr Ilyich Tchaikovsky

Piotr Ilich Tchaikovsky nasceu em Maio de 1840, na cidade de Kamsko-Votkinsk, na Rússia, filho de um ucraniano e de uma russa de ascendência francesa. Desde cedo começou a interessar-se pela música e aos cinco anos já aprendia algumas árias com sua mãe, num velho órgão mecânico da sua casa. Foi em São Petersburgo que o compositor teve as primeiras aulas musicais com diversos professores particulares. A família queria que fosse advogado. Cursou Direito, tendo sido um estudante aplicado e, tendo, ao mesmo tempo, sido empregado no Ministério da Justiça. Em 1863 decide dedicar-se inteiramente à música abdicando da carreira jurídica e matricula-se, por três anos, no Conservatório de São Petersburgo. Mais tarde deu aulas de Teoria Musical e Composição. Foi professor até 1878. Viaja depois pela Europa onde trava conhecimento com grandes mestres e compositores.
O Concerto para violino e orquestra foi composto em 1878 com o intuito de ser pela primeira vez tocado por Leopold Auer, um virtuoso professor de violino da época, mas, por estranho que pareça, este recusou-se a interpretar a peça por achar que a mesma era impraticável, o que deixou o compositor deveras abalado. Mas, em Dezembro de 1881, o seu concerto estreou em Viena interpretado por Adolf Brodsky que se atreveu a executá-la. Auer, muito mais tarde, viria a rever a sua posição e acabou por interpretar a peça que anteriormente rejeitara.
Tchaikovsky não teve uma vida feliz. Problemas com as suas tendências homossexuais, leva-o a escrever ao seu irmão que, para acabar com os rumores e maledicências e, também para tentar livrar-se da sua obsessão sexual, vai casar-se. Casa-se então com uma aluna do Conservatório de Moscovo, Antonina Miliukova. Esse matrimónio obviamente que não resultou, inicialmente porque a sua esposa não se interessava pelas suas composições e projectos mas também porque o compositor não conseguia livrar-se das suas tendências. Foi apresentado, por Rubinstein à baronesa Nadyezhda von Meck, que atraída pela obra de Tchaikovsky o incumbe de algumas transcrições para violino e piano mas, mais tarde, torna-se no seu mecenas, sob a única condição de comunicarem somente por carta. Essa correspondência durou catorze anos, sem nunca se terem visto. O mecenato livrou Tchaikovsky das suas dificuldades financeiras.
Tchaicovsky compôs todo o género de música e toda ela sublime. São conhecidíssimas as suas obras para “Ballet” tais como:
 Lago dos Cisnes, O Quebra Nozes, A Bela Adormecida, entre outros. Nas aberturas, a sua “Abertura 1812” dedicada à vitória russa sobre Napoleão é uma portentosa e empolgante peça musical. E nas óperas, a também célebre, “Eugene Onegin” além de várias sinfonias e concertos.
Lembro-me de, em S. Salvador do Congo, acordar muitas manhãs, ao som maravilhoso do concerto para violino, de três andamentos, interpretado por um genial violinista, de seu nome David Oistrakh, para mim o melhor executante de muitos que já ouvi interpretar este famoso concerto. Mais tarde, o seu filho, com o mesmo nome, foi também um excelente violinista, mas sem chegar ao virtuosismo do pai. Era um disco pertencente a um dos meus furriéis, apaixonado por música clássica e cantor no coro do nosso Teatro de São Carlos. Nunca me cansei de escutar esta obra sublime e ainda hoje o faço principalmente em momentos mais negativos. Recolho-me na minha sala, de porta fechada, e deixo-me envolver. Remédio santo!
Neste concerto, a primazia é dada ao solista, mas a orquestra está lá e, nos momentos certos, irrompe com uma sonoridade impressionante sobre o tema que o solista nos oferece.
Hoje na internet está lá tudo. Podem ver e ouvir grande parte do 1º andamento deste concerto pelo grande David Oistrakh, é só seguirem o “link”.

2 comentários:

  1. Para os momentos negativos também serve muito bem a 6ª sinfonia do Tchaikovsky. Pelo menos para mim. Felizmente que por esse motivo já não a ouço há anos. E por preguiça também...

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  2. A Patética é uma excelente sinfonia e até dá para ouvir muitas vezes. Tens no youtube excelentes interpretações. Aqui fica uma dirigida por Von Karajan. Abraço e obrigado pelo teu comentário.
    https://www.youtube.com/watch?v=_TFLRV8lfLc

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